quinta-feira, 20 de julho de 2017

(Trechos transcritos da Autobiografia de um Iogue - Paramahansa Yogananda)






O estado espiritual de Bábají está além da compreensão humana. A raquítica visão do homem não pode penetrar através de sua estrela transcendental.

Procura-se em vão imaginar o alcance de um avatar. É inconcebível.

A missão de Bábají na India tem sido a de dar assistência aos profetas na execução das tarefas específicas que a vontade divina lhes atribui.

Qualifica-se assim, como aquele que as Escrituras chamam de Mahávatár (Grande Avatar). Ele afirmou ter dado a iniciação iogue a Shânkara,reorganizador da Ordem dos Swâmis, e a Kabir, famoso mestre medieval.

Seu principal discípulo no século 19, como sabemos, foi Láhiri Mahásaya,que infundiu vida nova à perdida arte de Krya.

Bábají vive em comunhão com Cristo; juntos enviam vibrações redentoras e juntos planejaram a técnica espiritual de salvação para esta época.

O trabalho destes dois mestres completamente iluminados - um com corpo, e o outro sem - é inspirar as nações a renunciarem às guerras, aos ódios de raça, ao sectarismo religioso e ao materialismo, cujos males atuam como bumerangues.

Swâmi Kebalananda, meu santo instrutor de sânscrito, passou algum tempo com Bábají no Himalaia.

" O incomparável mestre move-se com seu grupo, de um lugar a outro nas montanhas - disse-me Kebalananda. - Seu pequeno séquito conta com dois discípulos americanos sumamente adiantados.

Depois de permanecer em certa localidade por algum tempo, Bábají diz: "Dera danda uthao" (levantemos nosso báculo e acampamento).

Ele carrega um danda (báculo de bambu). Suas palavras são o sinal para o grupo mover-se instantaneamente a outro lugar. Nem sempre ele emprega o método de viagem astral; às vezes vai a pé, de cume a cume."

"Conheço dois assombrosos incidentes da vida de Bábají - prosseguiu Kebalananda.

Estavam seus discípulos sentados, certa noite, em torno de uma enorme fogueira que ardia para uma cerimônia védica sagrada. O guru, de súbito, agarrou uma acha incandescente e golpeou de leve o ombro de um chela, próximo ao fogo."

"- Senhor, que crueldade! - Láhiri Mahásaya ali presente, fez esta censura."

"- Voce preferia ve-lo arder até ficar em cinzas, segundo o decreto de seu carma passado?"

"- Com estas palavras, Bábají colocou sua mão curadora sobre o ombro desfigurado do chela:" - Livrei-o esta noite, de uma dolorosa morte. A lei cármica cumpriu-se satisfatóriamente com seu leve sofrimento pelo fogo."

"Em outra ocasião, o santo grupo de Bábají foi perturbado pela chegada de um estranho. Com admirável habilidade, ele escalara os penhascos até a plataforma quase inacessível, próxima ao acampamento do guru."

"- O senhor deve ser o grande Bábají. - O rosto do homem iluminara-se com inexprimível veneração. - Estou à sua procura, sem desistir, durante meses, entre esses rochedos proibitivos. Suplico-lhe, aceite-me como discípulo."

"Como o grande guru não desse resposta, o homem apontou para o abismo revestido de rochas, abaixo da plataforma. - Se recusar, eu me atirarei desta montanha.

A vida não terá mais valor para mim, se não puder obter sua direção espiritual em minha busca de Deus.

"- Então salte - disse Bábají sem emoção. - Não posso aceitá-lo em seu atual estado de desenvolvimento."

"O homem arremessou-se do penhasco imediatamente. Bábají deu instruções aos díscipulos surpresos para trazerem o corpo do desconhecido.

Quando regressaram com a forma destroçada, o mestre colocou a mão sobre o morto. Milagre!, ele abriu os olhos e prostrou-se com humildade ante o guru onipotente."

"- Agora voce está pronto para o discipulado. - Bábají sorriu com afeto para o ressucitado chela. - Voce passou corajosamente a difícil prova. (era um teste de obediência. Quando o mestre iluminado ordenou: "salte", o homem obedeceu. Se hesitasse, renegaria sua afirmação de que considerava a vida destituída de valor sem a orientação de Bábají. Por isso, apesar de drástico e invulgar, o teste foi perfeito naquelas circunstâncias.)"

"- A morte não voltará a tocá-lo; agora voce é um dos imortais de nosso rebanho."

" A seguir, pronunciou a costumeira ordem de partida:"Dera danda uthao"; o grupo inteiro sumiu da montanha."

Um avatar vive no Espírito onipresente; para ele não existe distância inversa ao quadrado. Portanto, só um motivo existe para que Bábají conserve sua forma física, de século para século: o desejo de dar à humanidade o exemplo concreto de suas próprias possibilidades. Se ao homem jamais fosse concedido vislumbrar a Divindade revestida de carne, ele permaneceria oprimido pela pesada ilusão (máya) de que não pode transcender sua condição mortal.


FONTE:
http://www.almasdivinas.com.br/vida/grande_encontro.htm


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